Tendinopatia do Tendão de Aquiles

A tendinite do Tendão de Aquiles (T.A.), é considerada uma das lesões que mais assusta qualquer corredor de longa distância. É uma das três lesões com mais incidência no corredor de fundo. O tendão é a estrutura que liga o músculo ao osso. No caso do tendão de Aquiles, liga os gémeos e o solhar (tricípete soral) ao calcâneo, as estruturas principais para a realização da impulsão durante a corrida. O T.A., suporta cerca de 7,7 vezes o peso corporal e cargas elevadas podem predispor o tendão, ao longo do tempo, a lesões de sobreuso que podem compreender processos inflamatórios, degenerativos e diversos tipos de rotura.

Tendinite é um termo geral que é utilizado para descrever o processo inflamatório do tendão. O facto do tendão ser pouco irrigado, pode levar à alteração das fibras provocando uma degeneração e atrofia intratendinosa (tendinose), podendo evoluir para um espessamento do tendão e possíveis roturas parciais, ou eventualmente à rotura total do tendão. Podem haver outras situações associadas à tendinite, nomeadamente a inflamação do paratendão (paratendinite), da bolsa serosa (bursite) ou mesmo o aparecimento de calcificações.

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São vários os factores que podem predispor ao surgimento da tendinite do T.A., entre os quais:

– Aumento da intensidade do treino (distância, velocidade);

– Escasso tempo de recuperação entre as sessões de treino;

– Mudanças de piso/terreno;

– Troca de calçado;

– Alterações da posição do pé (supinador/pronador);

– Assimetria dos membros inferiores;

– Fraqueza muscular;

– Diminuição da flexibilidade;

– Desequilíbrios musculares;

– Excesso de peso;

– Erros no gesto técnico, entre outros.

Normalmente caracteriza-se pelo aparecimento de dor, que pode ser repentina ou gradual, passando por um desconforto a uma dor severa que impossibilita a actividade. A dor é mais intensa de manhã, ou no inicio da actividade, passando por um período com menos dor e agrava novamente no final da actividade, ou no final do dia. Poderá haver a presença de edema difuso, crepitações, alterações à palpação numa fase mais aguda, passando para um espessamento do tendão numa fase mais crónica.

A nível de tratamento, para além do repouso e da Fisioterapia, estudos têm revelado que os programas de reforço muscular através dos exercícios excêntricos, têm sido um ponto chave na reabilitação e na prevenção do aparecimento da lesão, visto que permite um alongamento e aumento da força do tricípete soral e do T.A., possibilitando uma melhor absorção de forças e reduzindo a dor e forças de tensão no T.A. durante cargas normais. Desta forma proponho a realização do protocolo “Painfull Heel-Drop” de Alfredson:

Frequência – 3x 15 repetições; 2x por dia; 7 dias por semana durante 12 semanas.

Método: num degrau, apoiado no 1/3 anterior do pé, colocar-se em bicos do pé (A) e controlar a descida devagar apenas com um pé e com o joelho esticado (B) para fortalecer os gémeos, e de seguida dobrar o joelho (C) para fortalecer o solhar. É também aconselhado a aplicação de gelo durante 15 minutos no final da actividade.

Nota: Este protocolo não substitui a consulta do seu fisioterapeurta, ou médico, no caso de aparecimento de qualquer sintoma.

**Francisco Almeida e Silva – Especialista i Running em Fisioterapia e fisioterapeuta da selecção nacional de atletismo, entre 2001 e 2013:

Dúvidas e outras questões através de fisiofrancisco@gmail.com